Contexto Histórico
O livro de Esdras cobre aproximadamente um século de história, e narra eventos importantes para o povo de Israel, especialmente no contexto do retorno do exílio babilônico e a reconstrução do Templo em Jerusalém.
O rei persa Ciro, chamado de “pastor” e “ungido” do Senhor pelo profeta Isaías, emitiu um decreto permitindo que os judeus exilados na Babilônia retornassem à sua terra natal para reconstruir o Templo do Senhor em Jerusalém. Aproximadamente cinquenta anos antes, os babilônios haviam destruído Jerusalém, queimado o Templo e levado muitos judeus cativos.
Os livros de Esdras e Neemias retomam a história de Israel a partir do ponto em que os livros dos Reis e das Crônicas terminam, cobrindo o período após o decreto de Ciro. Durante esse tempo, muitos exilados retornaram, restabeleceram o culto em Jerusalém, iniciaram a reconstrução do Templo e dos muros da cidade, e trabalharam para formar uma nova comunidade nacional regida pela Lei de Deus.
Conteúdo do livro
Pode-se dividir o livro de Esdras em duas seções principais. A primeira (caps. 1-6) detalha o período após o retorno dos exilados judeus a Jerusalém. Sob a liderança de Sesbazar e Zorobabel, os repatriados trouxeram grandes riquezas e os utensílios do Templo que Nabucodonosor havia levado.
Embora inicialmente houvesse alegria, surgiram problemas que interromperam a reconstrução do Templo. A retomada da obra, impulsionada por Zorobabel e pelos profetas Ageu e Zacarias, culminou na dedicação do Templo em 516 a.C.
A segunda parte (caps. 7-10) foca na atividade de Esdras, um sacerdote e escriba respeitado, enviado por Artaxerxes com recursos para o Templo. No entanto, Esdras enfrentou desafios, incluindo a necessidade de reformar os valores éticos e religiosos de Israel, evitando a contaminação da fé com elementos estranhos. Isso levou a medidas rigorosas, como a separação de mulheres estrangeiras casadas com judeus.
Esdras reaparece no livro de Neemias (caps. 8-10), onde lê a Torah ao povo, levando-os a uma confissão de pecados e a um compromisso escrito de guardar a Lei.
Resumo dos principais eventos narrados no livro de Esdras
Decreto de Ciro
Em 538 a.C., Ciro, rei da Pérsia, emite um decreto permitindo que os judeus exilados na Babilônia retornem a Jerusalém para reconstruir o Templo do Senhor. Além disso, ele também devolve os utensílios do Templo que Nabucodonosor havia levado. Este decreto marca o início do retorno dos judeus à sua terra natal após o exílio babilônico, cumprindo as profecias bíblicas.
Reconstrução do Altar e Lançamento dos Fundamentos do Templo
No sétimo mês, os israelitas se reuniram em Jerusalém como um só povo. Jesua, filho de Jozadaque, e Zorobabel, filho de Sealtiel, junto com os outros sacerdotes, edificaram o altar de Deus e começaram a oferecer holocaustos, conforme a Lei de Moisés. Apesar do medo dos povos ao redor, eles celebraram a Festa dos Tabernáculos e outros festivais, oferecendo sacrifícios diários.
Eles providenciaram materiais e contrataram trabalhadores para trazer madeira de cedro do Líbano, conforme a permissão dada pelo rei Ciro da Pérsia. No segundo ano, Zorobabel, Jesua, os sacerdotes, levitas e outros israelitas começaram a reconstrução do templo, designando levitas para supervisionar a obra.
Quando os alicerces do templo foram lançados, os sacerdotes e levitas louvaram o Senhor com trombetas e címbalos, seguindo as instruções do rei Davi. O povo cantava e rendia graças a Deus, dizendo: “Ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre sobre Israel.” Houve uma mistura de emoções entre o povo: enquanto muitos jovens celebravam com alegria, os mais velhos que haviam visto o primeiro templo choravam. As vozes de alegria e choro eram tão intensas que podiam ser ouvidas de longe.
Interrupção da Obra
Os adversários de Judá e Benjamim, ao saberem que os exilados estavam reconstruindo o templo ao Senhor, ofereceram ajuda, afirmando que também adoravam a Deus desde os tempos do rei da Assíria, Esar-Hadom. No entanto, Zorobabel, Jesua e os líderes das famílias recusaram a ajuda, declarando que eles mesmos reconstruiriam o templo conforme a ordem do rei Ciro da Pérsia.
Em resposta, os adversários desanimaram e inquietaram o povo de Judá, contratando conselheiros para frustrar seus planos desde o reinado de Ciro até o de Dario. Então, no reinado de Assuero, escreveram uma acusação contra os judeus. Nos dias de Artaxerxes, escreveram outra carta, relatando que os judeus estavam reconstruindo Jerusalém, uma cidade rebelde e danosa aos reis, e que se a cidade fosse reconstruída, eles não pagariam impostos, causando prejuízo ao rei.
O rei Artaxerxes, ao receber a carta, verificou os registros históricos e confirmou que Jerusalém havia sido rebelde e causadora de motins. Portanto, ele ordenou que a reconstrução fosse interrompida até nova autorização. Após a leitura da carta do rei, Reum, Sinsai e seus companheiros foram rapidamente a Jerusalém e, de forma armada, forçaram os judeus a parar a obra. A reconstrução do templo cessou até o segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia.
Decreto de Dario e conclusão da construção
O rei Dario ordenou uma busca nos arquivos reais da Babilônia, onde foi encontrado um decreto do rei Ciro permitindo a reconstrução do templo de Deus em Jerusalém. Este decreto não apenas especificava os detalhes da construção e o financiamento do projeto pela casa do rei, como também de devolver os utensílios de ouro e prata que Nabucodonosor havia levado para a Babilônia.
Dario então emitiu ordens para Tatenai, governador da região além do Eufrates, e seus companheiros, para que não interferissem na reconstrução do templo. Além disso, ele também decretou que as despesas dos trabalhadores judeus fossem pagas pontualmente da tesouraria real, e que fossem fornecidos diariamente os materiais necessários para os sacrifícios.
Dario não apenas advertiu que qualquer pessoa que alterasse seu decreto fosse punida severamente, mas também pediu a Deus que derrubasse qualquer rei ou povo que tentasse destruir o templo.
Os governadores Tatenai, Setar-Bozenai e seus companheiros seguiram as ordens de Dario, permitindo que os anciãos dos judeus continuassem a obra, apoiados pelas profecias de Ageu e Zacarias. A reconstrução do templo foi concluída no terceiro dia do mês de Adar, no sexto ano do reinado de Dario, conforme os decretos de Ciro, Dario e Artaxerxes.
A chegada de Esdras
Esdras recebe permissão do rei Artaxerxes para retornar a Jerusalém. Sua missão é ensinar a lei de Deus ao povo de Israel e garantir que ela seja obedecida. O rei, portanto, concede a Esdras recursos e autoridade para liderar esta reforma espiritual.
Esdras organiza um grupo de companheiros para a jornada de volta a Jerusalém. Em seguida, faz um registro detalhado dos participantes e cuida dos preparativos espirituais e logísticos para a viagem. Porém, antes de partir, Esdras proclama um jejum para buscar a proteção de Deus durante a jornada.
Ao chegar em Jerusalém, Esdras descobre que muitos judeus, incluindo líderes, se casaram com mulheres estrangeiras, violando a lei de Deus. Em resposta, Esdras ora e confessa os pecados do povo, convocando uma assembleia pública. O povo então concorda em separar-se das esposas estrangeiras para restaurar a pureza religiosa e social de Israel. Esdras implementa essa difícil reforma, garantindo a fidelidade do povo à aliança com Deus.
Esboço
1. Decreto de Ciro e o Retorno dos Exilados. Capítulo 1
2. Lista dos Exilados que Retornaram. Capítulo 2
3. Reconstrução do Altar e Lançamento dos Alicerces do Templo. Capítulo 3
4. Oposição à Reconstrução. Capítulo 4
5. Reinício da Construção e Apoio dos Profetas. Capítulo 5
6. Conclusão do Templo sob o Decreto de Dario. Capítulo 6
7. A Chegada de Esdras e Seu Plano de Reforma. Capítulo 7
8. A Lista dos que Voltaram com Esdras. Capítulo 8
9. Reformas e Confronto com o Pecado. Capítulo 9
10. A Assembleia e a Separação dos Casamentos Mistos. Capítulo 10