Desde o início de seu ministério, Jesus proclamou a essência do evangelho dizendo: “arrependei-vos e crede no evangelho” (Marcos 1:15). Essas palavras são um convite à transformação e servem como base fundamental para uma vida verdadeiramente ligada a Deus. Da mesma forma, o apóstolo Paulo, ao instruir os presbíteros de Éfeso, destacou a centralidade desses princípios, enfatizando “o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (Atos 20:21).
Compreendemos, então, que fé e arrependimento não são apenas conceitos teológicos, mas sim pilares essenciais para a jornada espiritual de cada indivíduo. A fé é o reconhecimento da verdade de Deus, da sua palavra e da obra redentora de Cristo. É pela fé que nos apropriamos das promessas de Deus.
Por outro lado, o arrependimento é o ato de voltar-se de coração contrito para Deus, reconhecendo nossas falhas, pecados e desvios do seu caminho perfeito. Envolve uma mudança de mente e uma transformação de vida, resultando em uma busca pela santidade e evitar o pecado.
Entretanto, é importante entender que fé e arrependimento não podem ser separados, são intrinsecamente interligados. A fé, que opera no âmbito intelectual e emocional, desperta o coração para o arrependimento, enquanto este, no âmbito prático e emocional, fortalece e dá substância à fé. Juntos nos impulsionam para iniciarmos uma vida com Deus.
Assim, compreendemos que a fé sem arrependimento é vazia. Da mesma forma, o arrependimento sem fé é incapaz de conduzir a uma verdadeira comunhão com Deus. Somente quando ambos estão presentes é que alcançamos a promessa da vida eterna no reino de Deus.
Fé
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” João 3:16.
A fé, no sentido bíblico, significa crer e confiar. A fé que salva é aquela que brota do coração, resultando em uma dedicação completa da vida aos ensinamentos e à pessoa de Jesus Cristo.
Essa fé para a salvação é uma confiança depositada em Jesus e em sua obra redentora. Não se trata apenas de confiar em um conjunto de doutrinas, mas de confiar na própria pessoa de Jesus e na eficácia de sua obra na cruz.
A fé também serve como um firme fundamento para nossa vida, mesmo sendo algo invisível aos olhos humanos. Ela é baseada na confiança e na esperança no cumprimento das promessas de Deus, conforme expresso em Hebreus 11:1. Essa fé é nutrida pelo ouvir da palavra de Cristo, que é pregada e ensinada.
Arrependimento
“E que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lucas 24:47).
A palavra grega traduzida como “arrependimento” é “metanóia”, que originalmente denota uma mudança de mente e/ou opinião. Essa mudança interna é refletida em uma nova postura e comportamento. Portanto, o arrependimento verdadeiro necessariamente implica em uma mudança de vida. Ele é o ponto de partida para a transformação espiritual e moral do indivíduo.
É importante distinguir o arrependimento genuíno do mero remorso. Enquanto o remorso é apenas a constatação de ter feito algo errado, sem uma mudança real de atitude, o verdadeiro arrependimento vai além, levando a uma transformação profunda e duradoura. Um exemplo disso é a experiência de Judas, que lamentou sua traição a Jesus (Mateus 27:3), mas não encontrou o caminho para um arrependimento genuíno que levasse à mudança de vida.
Além disso, enquanto a fé diz “sim” a Deus, o arrependimento diz “não” ao pecado. Aquele que nasceu de Deus não pode mais viver na prática do pecado (1 João 3:9). Isso não significa que nunca mais pecará, mas indica uma mudança na disposição do coração, onde o pecado não é mais uma prática constante e voluntária daquele que se entregou a Jesus. Assim, a fé e o arrependimento caminham de mãos dadas, sendo fundamentais para uma vida cristã autêntica e transformadora.