Os fariseus eram membros de um dos principais grupos religiosos dos judeus. Eles se destacavam não apenas por sua estrita observância da lei judaica, mas também por sua interpretação meticulosa das Escrituras Sagradas. Os fariseus eram conhecidos por sua dedicação à Torá, a Lei de Moisés, bem como à tradição oral que a acompanhava.
Uma das características distintivas dos fariseus era seu envolvimento ativo na vida religiosa e social da comunidade judaica. Eles ocupavam posições de liderança em sinagogas e tribunais religiosos e eram respeitados por muitos como mestres da lei.
Além disso, os fariseus eram meticulosos em questões de pureza ritual. Eles observavam cuidadosamente as práticas de purificação, como a lavagem cerimonial das mãos antes das refeições. Além disso, eram rigorosos na observância do sábado e de outras leis relacionadas ao culto e à santidade. No entanto, sua ênfase na observância externa da lei muitas vezes os levava a conflitos com Jesus, que criticava sua hipocrisia e enfatizava a importância do coração e da justiça interior.
Eles acreditavam na ressurreição dos mortos e na vida eterna, entretanto, entendiam que a salvação dependia da perfeição na obediência à lei e não da concessão de perdão pelos pecados.
Acreditavam em anjos e demônios, no entanto, ficaram tão obcecados com a obediência meticulosa a cada detalhe da lei que negligenciaram inteiramente a mensagem de misericórdia e graça de Deus.
Eles eram admirados pelo povo por sua aparente devoção, porém sua devoção era frequentemente hipócrita, pois eles ensinavam regras que eles próprios não conseguiam praticar.
Significado da palavra fariseu
No hebraico, a palavra “fariseu” deriva-se de “perushim”, que significa “separados” ou “separatistas”. Esse termo reflete a ideia de que os fariseus se consideravam separados ou distintos das práticas religiosas consideradas impuras ou não ortodoxas. Buscavam viver de acordo com uma interpretação rigorosa da Lei de Moisés e se mantinham separados de influências externas que consideravam contrárias à sua fé. Portanto, “separado” ou “separatista” são ambas traduções da palavra “fariseu” do hebraico.
O jejum dos fariseus
Os fariseus praticavam o jejum como parte de sua devoção religiosa e de sua interpretação da Lei de Moisés. Eles consideravam o jejum uma forma de demonstrar sua piedade e de se purificarem espiritualmente perante Deus. No entanto, sua abordagem ao jejum muitas vezes era marcada por um desejo de receber reconhecimento público por seus atos religiosos.
Ao jejuar, os fariseus muitas vezes procuravam chamar a atenção para si mesmos. Eles exibem sinais visíveis de seu jejum, como deixar de lavar o rosto, para que as pessoas ao seu redor percebessem que estavam jejuando. Além disso, poderiam fazer questão de jejuar publicamente em dias de festa religiosa ou em momentos em que a presença pública fosse notável.
Essa prática dos fariseus reflete uma tendência à hipocrisia, como criticada por Jesus nos Evangelhos. Em Mateus 6:16-18, Jesus ensina sobre o jejum de uma maneira que enfatiza a sinceridade e a discrição:
“Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que estão jejuando. Eu digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você jejuar, unja a cabeça e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê no secreto. E seu Pai, que vê no secreto, o recompensará.”
Portanto, enquanto os fariseus praticavam o jejum como parte de sua devoção religiosa, sua abordagem muitas vezes era caracterizada por uma busca por reconhecimento, em vez de uma sinceridade genuína de buscar a Deus.
O Fariseu e o Publicano
Na Bíblia temos o exemplo em uma parábola, em que Jesus fala sobre a oração do fariseu e do publicano. Nesta parábola, Lucas 18:9-14, Jesus ilustra a diferença entre a atitude orgulhosa dos fariseus e a humildade genuína diante de Deus.
O fariseu mencionado na parábola vai ao templo para orar e se coloca em uma posição de destaque, não apenas em relação ao publicano (um coletor de impostos considerado pecador aos olhos da sociedade), mas também em relação a outros presentes. Ele se vangloria de suas próprias virtudes, dizendo: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho” (Lucas 18:11-12).
Essa atitude revela a autojustiça e a falta de reconhecimento de sua própria necessidade de perdão. O fariseu confia em suas próprias obras e virtudes para se considerar justo diante de Deus. Ao mesmo tempo, despreza o publicano como indigno de misericórdia de Deus.
Por outro lado, o publicano, em sua humildade, não se atreve nem mesmo a levantar os olhos para o céu, mas bate no peito e clama: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lucas 18:13). Ao contrário do fariseu, ele reconhece sua condição de pecador e sua necessidade desesperada da graça e da misericórdia de Deus.
Jesus conclui a parábola destacando que foi o publicano, e não o fariseu, quem saiu justificado diante de Deus. Ele ensina que “todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lucas 18:14), enfatizando a importância da humildade verdadeira e da consciência de nossa própria necessidade de perdão e graça divina.
O exemplo de Nicodemos
Apesar das interações de Jesus com os fariseu serem conflituosas, também há exemplos na Bíblia de interações positivas. Por exemplo em João 3:1-21, em que Nicodemos procurou Jesus para discutir questões espirituais e expressou interesse genuíno em seus ensinamentos sobre o novo nascimento e a vida eterna. Também o exemplo de João 7:45-52, em que Nicodemos defendeu Jesus perante o Sinédrio, argumentando que Jesus merecia uma audiência justa antes de ser julgado.