O livro de 2 Reis representa uma continuação dos eventos narrados em seu predecessor, o primeiro livro dos Reis. Em sua narrativa, 2 Reis fala sobre a vida do profeta Elias, uma personalidade marcante conhecida por seu confronto com os profetas de Baal no Monte Carmelo e sua ascensão ao céu em um redemoinho de fogo. Além disso, o livro introduz o discípulo e sucessor de Elias, Eliseu, que se destaca por seus próprios feitos milagrosos e pela continuação do legado profético de seu mestre.
Um aspecto distintivo de 2 Reis é seu enfoque nos dois reinos de Israel: o reino do Norte e o reino do Sul. A narrativa detalha os eventos políticos, religiosos e sociais que culminam na queda de Samaria, a capital do reino do Norte, em 721 a.C. Este acontecimento representa um ponto importante na história de Israel, marcando o fim de sua existência como uma entidade política independente.
Além disso, o livro destaca a trajetória do Reino do Sul, centrado em Judá e sua capital, Jerusalém. Ele descreve os últimos dias de Judá, incluindo sua decadência espiritual, os perigos das alianças com potências estrangeiras e, finalmente, a destruição de Jerusalém pelas mãos dos babilônios.
Por meio de uma narrativa rica em detalhes e personagens marcantes, o livro de 2 Reis oferece uma visão abrangente da história de Israel e Judá, destacando os desafios enfrentados por essas nações e as consequências de suas escolhas.
O profeta Elias e o rei Acazias
No início do livro de 2 Reis, o profeta Elias se encontra com Acazias, monarca de Israel e filho do falecido Rei Acabe. Elias profere uma profecia contra Acazias devido à sua ímpia devoção ao deus falso, Baal, o que resulta em sua morte. Com Acazias sem descendência, seu irmão Jorão assume o trono em seu lugar. Jorão não se igualou à maldade de seus pais, Acabe e Jezabel, porém o que marcou sua liderança são ações que desagradam a Deus.
Eliseu sucessor de Elias
Após um período de aprendizado e convivência com o profeta Elias, Eliseu é escolhido como seu sucessor, assumindo assim o manto profético. Em um momento de despedida, enquanto dialogam, Elias é arrebatado aos céus em uma carruagem de fogo, desaparecendo em um redemoinho. Dessa forma, Eliseu recebeu a responsabilidade de continuar o legado profético de Elias.
O primeiro milagre ocorrido através Eliseu é registrado em Jericó, onde as águas estavam contaminadas e impróprias para consumo. “Então, saiu ele ao manancial das águas e deitou sal nele; e disse: Assim diz o Senhor: Tornei saudáveis estas águas; já não procederá daí morte nem esterilidade” (2 Reis 2:21).
O resultado é imediato: as águas são restauradas à sua pureza original, tornando-se potáveis e benéficas para a cidade e seus habitantes.
Alguns milagres no ministério de Eliseu descritos em 2 Reis
Multiplicação do azeite (2 Reis 4:1-7): Eliseu auxilia uma viúva endividada, instruindo-a a reunir vasos vazios e a encher com o pouco de azeite que ela tinha. O azeite se multiplica, permitindo que ela pague suas dívidas e sustente sua família.
Ressurreição do filho da Sunamita (2 Reis 4:8-37): Eliseu ressuscita o filho da Sunamita, que havia falecido.
Purificação do pote de comida envenenada (2 Reis 4:38-41): Eliseu purifica um pote de comida envenenada, permitindo que os discípulos dos profetas se alimentem.
Multiplicação dos pães (2 Reis 4:42-44): Vinte pães de cevada são multiplicados e alimentam cem homens.
Cura do general Naamã da lepra (2 Reis 5:1-19): Naamã, o comandante sírio, é curado de sua lepra, após mergulhar sete vezes no rio Jordão.
Recuperação do machado perdido (2 Reis 6:1-7): Eliseu faz flutuar um machado de ferro que havia caído no rio Jordão.
Reis de Judá e de Israel
Reino de Judá:
Jeorão: Jeorão era filho de Josafá, rei de Judá, começou a reinar com a idade de trinta anos, e reinou oito anos em Jerusalém. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, se casou com uma filha de Acabe, introduzindo a idolatria em Judá. (2 Reis 8:16-24)
Acazias: Filho de Jeorão, reinou em Judá por um curto período de um ano. Ele seguiu os caminhos de sua mãe, Atalia, fazendo o que era mau perante o Senhor. (2 Reis 8:25-29)
Atalia: Uma rainha ímpia que governou Judá por seis anos após a morte de seu filho Acazias. (2 Reis 11:1-3)
Joás: Quarenta anos reinou em Jerusalém. Começou seu reinado sob a influência positiva do sumo sacerdote Joiada, mas depois se desviou da fé e seus próprios servos o assassinaram. (2 Reis 11:21-12:21)
Amazias: Embora tenha começado bem, Amazias se desviou da fé ao adorar os deuses dos edomitas. (2 Reis 14:1-22)
Azarias: Reinou cinquenta e dois anos em Jerusalém, fez o que era reto perante o Senhor. Reinou com sucesso, restaurando o poder de Judá, mas se tornou orgulhoso e desobedeceu ao Senhor, sendo castigado com a lepra. (2 Reis 15:1-7)
Jotão: Foi um rei piedoso que governou Judá com sabedoria, mas o povo continuou a praticar idolatria. (2 Reis 15:32-38)
Acaz: Um rei ímpio que praticou idolatria e buscou ajuda dos assírios em vez de confiar em Deus. (2 Reis 16:1-20)
Ezequias: Um dos reis mais piedosos de Judá. Restaurou o culto verdadeiro a Deus, que o abençoou com prosperidade e livramento. (2 Reis 18:1-20:21)
Reino de Israel:
Jorão: Reinou doze anos em Israel, mas fez o mal aos olhos do Senhor, seguindo os pecados de Jeroboão. (2 Reis 3:1-27)
Jeú: Deus o ungiu para executar juízo sobre a casa de Acabe e erradicar a adoração de Baal em Israel. Reinou durante vinte e oito anos. (2 Reis 9:1-10:36)
Jeoacaz: Fez o mal aos olhos do Senhor e continuou a seguir os pecados de Jeroboão. (2 Reis 13:1-9)
Jeoás: Continuou os pecados de Jeroboão e fez o que era mau perante o Senhor. Reinou durante dezesseis anos. (2 Reis 13:10-25)
Jeroboão II: Restaurou as fronteiras de Israel e teve um reinado marcado por prosperidade material, mas continuou a praticar a idolatria. Reinou por quarenta e um anos. (2 Reis 14:23-29)
Zacarias: Reinou durante seis meses. Não se apartou dos pecados de Jeroboão. Salum conspirou contra ele e o assassinou. (2 Reis 15:8-12)
Salum: Reinou por apenas um mês. Menaém, filho de Gadi, matou-o e reinou em seu lugar. (2 Reis 15:13-15)
Menaém: Reinou durante dez anos, fez o que era mau perante o Senhor, e não se apartou dos pecados de Jeroboão. (2 Reis 15:16-22)
Pecaías: Reinou por apenas dois anos. Peca, filho de Remalias, conspirou contra ele e o assassinou. (2 Reis 15:23-26)
A queda de Samaria
Durante o reinado de Oseias, o último monarca do Reino do Norte de Israel, Salmaneser, rei da Assíria, iniciou uma campanha militar contra Israel. Embora inicialmente Oseias tenha sido submisso a Salmaneser, pagando-lhe tributos regularmente, a situação mudou quando Oseias buscou alianças com o Egito, desafiando assim a autoridade do rei assírio.
Ao descobrir a conspiração de Oseias, Salmaneser o aprisionou, dando início a um cerco prolongado à capital de Israel, Samaria. O cerco durou três anos, resultando na queda da cidade no nono ano do reinado de Oseias. A Assíria então deportou grande parte da população de Israel para suas terras, estabelecendo-os em locais como Hala, Habor e junto ao rio Gozã, além das cidades dos medos.
Esse evento marcou o fim do Reino do Norte de Israel e o início da Diáspora Israelita, onde muitos dos habitantes de Israel foram espalhados por outras regiões do Império Assírio. Assim, a queda de Samaria representou um ponto de virada na história do povo de Israel, com consequências políticas, sociais e religiosas duradouras.
A queda de Jerusalém
Assim se desenrolou a ira do Senhor contra Jerusalém e Judá, levando à sua rejeição de sua presença. Zedequias desafiou a autoridade do rei da Babilônia. No nono ano do reinado de Zedequias, Nabucodonosor, rei da Babilônia, liderou um cerco contra Jerusalém com todo o seu exército. Eles ergueram barricadas ao redor da cidade.
Ao nono dia do quarto mês, quando a fome apertou e o povo estava sem comida, Nabucodonosor e seu exército invadiram a cidade. Os soldados de Jerusalém fugiram durante a noite, tentando escapar pelas aberturas nas muralhas. O rei Zedequias tentou fugir, mas foi capturado pelos caldeus nas planícies de Jericó. Seu exército se dispersou e o abandonou. Por fim, Zedequias foi levado perante o rei da Babilônia em Ribla, onde recebeu sua sentença.
A libertação de Joaquim
No trigésimo sétimo ano do cativeiro de Joaquim, rei de Judá, no dia vinte e sete do duo-décimo mês, ocorreu um evento significativo que trouxe uma nota de esperança para o povo de Judá. Evil-Merodaque, recém-coroado rei da Babilônia, decidiu libertar Joaquim do cárcere.
Essa ação não apenas marcou a libertação de Joaquim, mas também foi realizada com generosidade e honra por parte de Evil-Merodaque. Além disso, o rei babilônico tratou Joaquim com benevolência, concedendo-lhe um lugar de destaque e dignidade superior até mesmo aos reis que estavam com ele na Babilônia.
Além disso, Evil-Merodaque providenciou para que Joaquim deixasse para trás as vestes de prisioneiro, permitindo-lhe vestir roupas adequadas. Joaquim passou a ter o privilégio de compartilhar refeições diárias na presença do rei, desfrutando assim de uma nova qualidade de vida após anos de confinamento.
Além disso, como um gesto de generosidade contínua, o rei Evil-Merodaque concedeu a Joaquim uma pensão diária, garantindo-lhe subsistência vitalícia durante o resto de seus dias.
Essa anistia concedida a Joaquim no exílio introduziu uma nota de esperança neste dramático final. Apesar da destruição de Jerusalém e da deportação para a Babilônia, essa ação sugere que a linhagem de Davi ainda tinha um papel a desempenhar no futuro.
Esboço
O profeta Elias e o rei Acazias (1:1-18)
Eliseu sucessor de Elias (2:1-25)
Os milagres no ministério de Eliseu (2:19-8:15)
Reis de Judá e de Israel (8:16-17:2)
A queda de Samaria (17:3-6)
A queda de Jerusalém (25:1-7)
A libertação de Joaquim (25:27-30)