Livro de Ester: Resumo e Esboço

Introdução

A narrativa do livro de Ester frequentemente menciona “o povo judeu” e, mais concretamente, “os judeus”, mas não faz referência a Israel como nação ou pátria. Esse detalhe pode refletir a perspectiva da diáspora judaica, onde a identidade étnica e religiosa do povo era mais proeminente que a identidade nacional.

Os personagens principais, como Assuero, Ester, Mordecai e Hamã, são figuras importantes, mas a ação dramática descrita no livro não se alinha perfeitamente com os conhecimentos históricos modernos sobre o Império Persa e a reputação de tolerância religiosa de seus reis. Xerxes, identificado como Assuero, é conhecido por sua administração eficaz e suas campanhas militares, mas não há registros históricos que corroborem todos os eventos narrados no livro de Ester.

O livro também surpreende pela sua atmosfera vingativa e revanchista. A execução de Hamã e seus filhos, bem como a defesa violenta dos judeus contra seus inimigos, conferem à narrativa um tom de justiça retributiva que pode parecer desconcertante. No entanto, pode-se interpretar esses elementos dentro do contexto histórico e cultural da época, onde a sobrevivência do povo judeu frequentemente dependia de medidas drásticas.

Além disso, podemos ver o livro de Ester como uma instrução sobre o poder de Deus e a maneira como ele pode transformar os desígnios humanos, por mais firmes, imutáveis e definidos que pareçam. O livro sugere que a providência divina opera através das ações humanas, mesmo quando não é diretamente visível.

Ester e Mordecai, ao tomarem decisões corajosas e estratégicas, demonstram como a e a ação podem andar juntas para superar crises aparentemente insuperáveis. A celebração de Purim reforça a importância da memória coletiva e da gratidão pela intervenção divina na história do povo judeu.

Conteúdo do Livro

Assuero, o nome pelo qual o rei persa é conhecido no livro bíblico de Ester, identifica-se na história secular como Xerxes, que reinou sobre o Império Persa de 486 a 465 a.C. Durante seu reinado, o império se estendia desde a Índia até a Etiópia. A residência real era na cidade de Susã, onde se desenrola a trama dramática do livro de Ester.

Em um contexto de opulência e luxo oriental, Assuero repudia sua esposa, a rainha Vasti, após ela se recusar a obedecer uma ordem dele durante um banquete. Ele então escolhe Ester, uma jovem judia de rara beleza, como sua nova rainha.

Surge um conflito grave entre Mordecai e Hamã, o amalequita que ocupa o cargo de primeiro-ministro do Império. Ofendido por Mordecai não se curvar diante dele, Hamã trama a destruição de todos os judeus do império. Ele convence Assuero a emitir um decreto autorizando o extermínio de todos os judeus, jovens e velhos, crianças e mulheres, em um único dia (Ester 3:13).

Mordecai, que anteriormente havia salvado a vida de Assuero ao descobrir uma conspiração contra ele (Ester 2:21-23), pede ajuda a Ester para interceder junto ao rei. Ester, arriscando sua própria vida, revela ao rei sua identidade judaica e expõe o plano maligno de Hamã. Assuero, furioso, manda enforcar Hamã na forca que ele havia preparado para Mordecai.

Com a ajuda de Ester, o rei emite um novo decreto permitindo que os judeus se defendam de seus agressores. No dia marcado para sua destruição, os judeus se defendem e matam seus inimigos (Ester 9:5).

A história culmina com a instituição da Festa de Purim, comemorada nos dias 14 e 15 do mês de Adar (entre fevereiro e março), em celebração à salvação dos judeus da destruição.

O livro de Ester se desenvolve em torno de três grandes festas:

A festa de Assuero: Esta festa, que dura 180 dias, é um grande banquete oferecido pelo rei Assuero para mostrar a opulência e o poder de seu império.

A festa de Ester: Ester organiza um banquete para Assuero e Hamã, durante o qual ela revela sua identidade judaica e expõe a trama de Hamã contra seu povo. Este banquete é crucial para a reviravolta na história, levando à execução de Hamã e ao decreto que permite aos judeus se defenderem.

A festa de Purim: Instituiu-se esta celebração para comemorar a reversão do decreto genocida e a vitória dos judeus sobre seus inimigos. Purim se torna uma festa anual, celebrada com alegria e troca de presentes, lembrando a libertação e a sobrevivência dos judeus.

Tópicos principais do livro de Ester
Ester se torna Rainha

O rei Assuero não quis que Vasti continuasse como rainha pois ela desobedeceu a uma ordem dele durante um banquete. Assuero havia solicitado que Vasti viesse à sua presença para exibir sua beleza diante dos convidados, mas ela se recusou a obedecer. Aconselhado por seus conselheiros, Assuero decidiu destituir Vasti de sua posição como rainha. Essa decisão levou à busca de uma nova rainha, culminando na escolha de Ester para ocupar o lugar de Vasti.

Hamã planeja a aniquilação dos judeus

Após o rei Assuero engrandecer e exaltar Hamã acima de todos os príncipes, o rei ordena que todos os servos se inclinem e se prostrem perante ele. Mordecai, porém, se recusa a fazê-lo, desobedecendo as ordens do rei, o que causa questionamentos dos outros servos. Quando informam Hamã sobre a desobediência de Mordecai e o fato de ele ser judeu, Hamã se enche de furor. Decidindo que atacar apenas Mordecai é insuficiente, Hamã planeja destruir todos os judeus no reino de Assuero.

Hamã é denunciado e morto

Durante um banquete com a rainha Ester, o rei Assuero pergunta qual é o pedido dela, prometendo atendê-lo mesmo que seja metade do reino. Ester revela que ela e seu povo foram vendidos para serem destruídos e aniquilados, e que ela pede pela vida dela e de seu povo. O rei pergunta quem é o responsável por isso, e Ester identifica Hamã como o adversário e inimigo. Hamã, perturbado, implora por sua vida à rainha, mas o rei, furioso, sai para o jardim do palácio.

Ao retornar, o rei vê Hamã caído sobre o divã onde estava Ester e, interpretando isso como uma tentativa de forçar a rainha, ordena que Hamã seja executado. Harbona, um dos eunucos do rei, menciona a forca que Hamã havia preparado para Mordecai, e o rei ordena que Hamã seja enforcado nela. Com a execução de Hamã, o furor do rei se aplaca.

Os judeus eliminam seus inimigos

No dia treze do mês de Adar, quando a ordem do rei Assuero foi executada, os judeus se defenderam e se tornaram senhores sobre aqueles que os odiavam, reunindo-se em suas cidades para derrotar seus inimigos. Ninguém conseguiu resistir aos judeus, pois o terror que inspiravam caiu sobre todos. Os príncipes, sátrapas, governadores e oficiais do rei auxiliaram os judeus, motivados pelo temor de Mordecai, cuja fama e poder cresciam continuamente.

Os judeus mataram e destruíram seus inimigos com golpes de espada, fazendo o que desejavam com eles. Na cidadela de Susã, mataram quinhentos homens e os dez filhos de Hamã. O rei perguntou a Ester o que mais ela desejava, e ela pediu que os judeus em Susã tivessem permissão para continuar no dia seguinte e que os cadáveres dos dez filhos de Hamã fossem pendurados na forca. O rei concordou, e publicou o edito. No dia seguinte, os judeus em Susã mataram mais trezentos homens, mas não tocaram nos despojos.

Festa de Purim

Os judeus das províncias do rei Assuero se reuniram para se defender e derrotaram seus inimigos. Isso ocorreu no dia treze do mês de Adar, e no dia catorze descansaram e celebraram com banquetes e alegria. Em Susã, os judeus se reuniram nos dias treze e catorze e descansaram no dia quinze, também celebrando com banquetes e alegria. Nas aldeias, os judeus fizeram do dia catorze de Adar um dia de alegria, banquetes, festas e troca de porções de comida.

Mordecai escreveu cartas a todos os judeus nas províncias, ordenando que comemorassem o dia catorze e o dia quinze de Adar todos os anos, lembrando os dias em que tiveram sossego de seus inimigos e transformaram tristeza em alegria. Esses dias deveriam ser de banquetes, alegria, troca de porções e dádivas aos pobres.

Chamaram esses dias de Purim, do nome “Pur” (sorte), e deveriam lembrar e comemorar de geração em geração, sem jamais esquecer. A rainha Ester e Mordecai confirmaram a instituição do Purim por cartas a todos os judeus nas 127 províncias do reino, estabelecendo esses dias de celebração.

Esboço:
  1. Ester se torna Rainha (1-2)
  2. Hamã planeja a aniquilação dos judeus (3-5)
  3. Hamã é denunciado e morto (6-7)
  4. Os judeus eliminam seus inimigos (8:1 – 9:15)
  5. Festa de Purim (9:16-32)
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