O Formato Primitivo da Bíblia

A Bíblia é um livro antigo. A história da Bíblia é encontrada em seus manuscritos (escritos à mão) e tinham a forma de rolos (Jr. 36:2). Eram feitos de papiro ou pergaminho. O papiro era uma planta aquática que crescia junto aos rios, lagos e banhados do Oriente. As tiras extraídas do papiro eram coladas umas às outras até formarem um rolo de qualquer extensão. Menciona-se este material gráfico primitivo muitas vezes na Bíblia (2Tm 4:13; Is 18:2). Em certas versões bíblicas menciona-se o papiro como junco (Jó 8:11). A Bíblia foi originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo. Sendo assim, no princípio os livros sagrados não estavam reunidos uns aos outros como os que temos agora em nossa Bíblia.

Diversidade de Designações

Desde tempos remotos, conhece-se este livro com diferentes designações. Assim, os Judeus, que consideram apenas a parte correspondente ao que os cristãos chamam de Antigo Testamento, referem-se a ela como Lei, Profetas e Escritos, termos representativos de cada um dos blocos em que, para o Judaísmo, se divide o texto bíblico transmitido na língua hebraica.

O Cânon da Bíblia

Cânon é palavra grega, significando “vara reta de medir” ou régua. No AT, por exemplo, o termo aparece no original em passagens como Ezequiel 40.5.

No sentido religioso, cânon não significa aquilo que mede, mas aquilo que serve de norma, regra. Assim sendo, a Bíblia como cânon sagrado é nossa norma ou regra de fé e prática.

Orígenes (185-254 d.C.) foi o primeiro a aplicar o termo “cânon” aos livros da Bíblia.

A divisão do AT em 39 livros vem da Septuaginta através de Vulgata Latina. No entanto, o Cânon católico tem 7 livros a mais. A Septuaginta foi a primeira tradução das Escrituras, feita do hebraico para o grego, cerca do ano 285 a.C.

O Cânon do Novo Testamento é o mesmo tanto para os católicos quanto para os protestantes; da mesma forma, ambos os grupos reconhecem os mesmos livros como parte integrante das Escrituras Sagradas.

O Vocábulo da Bíblia

O vocábulo “Bíblia” não se encontra nos textos das Sagradas Escrituras. No entanto, este vocábulo vem do grego, a língua original do Novo Testamento. Deriva-se do nome que os gregos davam a folha do papiro preparado para a escrita “biblos”. Um rolo de papiro tamanho pequeno era chamado “biblion”, e vários destes era uma “bíblia”. Portanto, literalmente a palavra Bíblia quer dizer coleção de pequenos livros. Com a invenção do papel, desapareceram os rolos e a palavra biblos deu origem a livro.

Nomes Mais Comuns da Bíblia

Escrituras – Mt 21:42

Sagradas Escrituras – Rm 1:2

Livro do Senhor – Is 34:16

A Palavra do Senhor-Mc 7:13; Нb 4:12

Os oráculos de Deus – Rm 3:2

A Estrutura da Bíblia

 Os Dois Testamentos

A Bíblia divide-se em duas partes principais: Antigo e Novo Testamento, tendo ao todo 66 livros, sendo 39 do AT E 27 no NT. Além disso, estes 66 livros foram escritos num período de 16 séculos e tiveram cerca de 40 autores. Esses escritores pertenciam às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em países, regiões e continentes diferentes, em épocas e condições diferentes. A palavra testamento vem do termo grego “diatheke” e significa: Aliança ou concerto.

Testamento, isto é, um documento contendo a última vontade de alguém quanto a distribuição de seus bens, após a morte. Emprega-se esta palavra no NT.

No AT, a palavra usada é “berith” que significa apenas concerto. O duplo sentido do termo grego mostra duas coisas que a morte do testador (Cristo) ratificou os selou a Nova Aliança, e, portanto, nos garante toda a herança HB 9:15-17.

 O Antigo Testamento

Ele contém 39 livros e foi escrito originalmente em hebraico com exceções de pequenos trechos que estão em aramaico.

O aramaico foi a língua que Israel trouxe do exilio babilônico.

Em suma, seus 39 livros estão classificados em quatro grupos:

Primeiro: Lei: são 5 livros, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Chama-se comumente de O Pentateuco. Esses livros tratam da origem de todas as coisas, da Lei e estabelecimento da Nação Israelita.

Segundo: História: são 12 livros. De Josué a Ester. Ocupam-se da história de Israel nos seus vários períodos:

1. Teocracia, sob Juízes.
2. Monarquia, sob Saul, Davi e Salomão.
3. Divisão do reino e cativeiro, contendo o relato dos reinos de Judá e Israel, este levado em cativeiro para a Assíria e aquele para a Babilônia;
4. Pós-cativeiro, sob Zorobabel, Esdras e Neemias em conjunto com os profetas, seus contemporâneos.

Terceiro: Poesia: são cinco livros. De Jó a Cantares de Salomão.

Quarto: Profecia: são 17 livros. De Isaías a Malaquias. Estes são subdivididos em:

Profetas maiores: Isaías a Daniel.

Profetas menores: Oseias a Malaquias.

Os nomes maiores e menores não se referem ao mérito ou notoriedade do profeta, mas ao tamanho dos livros e extensão do ministério profético.

O Novo Testamento

O novo testamento se compõe de 27 livros. Foi escrito em grego, não o grego clássico, mas o grego do povo comum.

Seus livros também estão classificados em 4 grupos.

1) Biografia: são os 4 evangelhos. Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e seu glorioso ministério. Chama-se os três primeiros evangelhos de sinópticos devido ao paralelismo que há entre eles.

2) História: é o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a história da Igreja Primitiva, seu viver, a propagação do Evangelho, tudo através do Espírito Santo, conforme Jesus prometera (Atos 1:8).

3) Epístolas: são 21 epístolas ou cartas e vão de Romanos a Judas. Elas contém a doutrina da Igreja.

Nove cartas direcionam-se a igrejas (de Romanos a Tessalonicenses)

Quatro cartas direcionam-se a indivíduos (duas a Timóteo, uma a Tito e outra a Filemom)

Uma carta direciona-se aos hebreus cristãos

Sete cartas direcionam-se a todos indistintamente (Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas). Estas são também chamadas universais, católicas ou gerais, apesar de que duas delas (II e III João) direcionam-se a pessoas.

4) Profecia: é o livro de Apocalipse ou revelação. Trata da volta do Senhor Jesus Cristo à terra assim como as coisas que procederão esse evento.

As classificações tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento, porém, não seguem uma ordem cronológica.