Livro de Gênesis – Descrição e análise

O livro de Gênesis é o primeiro livro da Bíblia hebraica e cristã. Ele fala sobre a criação do mundo, a história de Adão e Eva, a história de Noé e a arca, a torre de Babel, além de outros relatos fundamentais.

 O Título

Gênesis é o termo grego que deu origem à palavra “gênese” em português, utilizado pela Septuaginta para nomear o primeiro livro da Bíblia. Ele significa “origem” ou “princípio”, refletindo de forma geral o conteúdo do livro. De fato, o livro narra as origens do universo, da terra, da humanidade e, especialmente, do povo de Israel. Na Bíblia Hebraica, o título deste livro é sua primeira palavra, Bereshit, frequentemente traduzida como “No princípio”.

 A História das Origens

“No início, Deus criou os céus e a terra”. Este enunciado categórico e solene inaugura a leitura de Gênesis e de toda a Bíblia. É a declaração do poder total e absoluto de Deus, o único e eterno Ser, a cuja vontade se atribui tudo o que existe, pois “sem Ele nada do que foi feito se fez”. O universo é fruto da ação divina, que, com sua palavra, deu origem ao mundo, o tornou habitável e o encheu de seres vivos. Entre estes, incluiu a espécie humana, dotada de uma dignidade especial ao ser criada “à Sua imagem, à imagem de Deus”.

Este relato inicial de Gênesis considera o homem e a mulher em uma relação particular com Deus, de quem receberam a tarefa de governar de forma responsável o mundo do qual eles próprios fazem parte. Com efeito, o ser humano foi formado “do pó da terra”, ou seja, da mesma substância que o resto da criação. No entanto, o Senhor Deus soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se um ser vivente. A criação do homem é seguida pela da mulher, estabelecendo entre os dois a unidade essencial do casal humano.

Adão e Eva

O livro descreve a relação especial que Deus estabelece com Adão e Eva como uma amizade perpétua, oferecida para ser livremente aceita. Deus, o criador de tudo e soberano absoluto do universo, oferece sua amizade: o ser humano é livre para aceitá-la ou rejeitá-la. Identifica-se o sinal da atitude humana diante da oferta divina com o preceito que, por um lado, afirma a soberania de Deus e, por outro lado, estabelece a responsabilidade do ser humano ao usufruir da liberdade: “da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás”. Contudo, Adão, o ser humano, quebra a condição imposta com um ato de desobediência que o priva do acesso à “árvore da vida” e abre as portas para o domínio do pecado, cujas consequências são o sofrimento e a morte.

A História dos Patriarcas

Esta segunda parte de Gênesis marca o início de uma nova fase no progresso da humanidade, um período no qual Deus intervém para libertar os seres humanos da situação resultante do pecado.

A narrativa entra em uma nova etapa com a revelação de Deus a Abraão, a quem instrui a deixar sua família e sua terra natal e migrar para terras desconhecidas. Deus promete torná-lo uma grande nação, abençoá-lo e engrandecer seu nome, confirmando essa promessa por meio de uma aliança na qual todas as famílias da terra seriam abençoadas por meio de Abraão.

O livro de Gênesis enfatiza que a escolha de Abraão pelo Senhor não é arbitrária, mas parte de um plano de salvação que se estende a todo o mundo. O objetivo final desse plano simboliza-se pela mudança do nome de Abrão para Abraão, que significa “pai de muitas nações”.

Após a morte de Abraão, seu filho Isaque se torna o herdeiro da promessa de Deus, seguido por Jacó. Assim, as gerações transmitem a promessa de pai para filho. Todos, como Abraão, vivem como estrangeiros, fora de seu lugar de origem. Os patriarcas eram pastores nômades, constantemente em movimento migratório. No livro de Gênesis, mudanças e deslocamentos contínuos caracterizam sua vida, conferindo à narrativa um caráter distinto.

Jacó passa a se chamar Israel

Jacó, após um enigmático acontecimento em Peniel, recebeu o nome de Israel. Esse nome posteriormente veio a identificar as doze tribos, mais tarde o Reino do Norte e, por fim, a nação israelita como um todo.

Posteriormente ao falecimento de Jacó, seus filhos levaram seu corpo de volta a Canaã e o sepultaram em um túmulo adquirido por Abraão para enterrar sua esposa. Essa aquisição de terra para sepultamento tem, no livro de Gênesis, um significado simbólico evidente, prenunciando a conquista pelos israelitas de um território onde os patriarcas viveram como estrangeiros em tempos anteriores.

José do Egito

A trajetória de José, filho de Jacó, é verdadeiramente fascinante. Vendido como escravo e levado ao Egito, José conquistou a confiança do Faraó reinante. Este o elevou a uma alta posição no governo do país. Essa influente posição política permitiu ao jovem hebreu trazer consigo seu pai e toda a sua família, estabelecendo-se no delta do Nilo, na região de Gósen, uma terra farta em pastagens, adequada às suas necessidades e ao seu modo de vida.

Divisão do Livro

Duas grandes seções compõem o livro de Gênesis. A primeira contém a chamada “história das origens” ou “história dos primórdios”, que inicia com o relato da criação do mundo. Se trata de um relato poético de grande fascínio, à qual segue a narrativa da origem do ser humano, colocado por Deus neste mundo que havia criado. Por outro lado, a segunda parte enfoca o tema dos inícios mais remotos da história de Israel. É conhecida como “história dos patriarcas” e centra o seu interesse em Abraão, Isaque e Jacó, respectivamente pai, filho e neto, nos quais o povo de Deus tem as suas raízes mais profundas.

Alguns acontecimentos importantes do Livro de Gênesis:

A Criação do Mundo: Descrição de como Deus criou o mundo em seis dias e, por fim, descansou no sétimo. (Gn 2:1-3).

Adão e Eva: Fala sobre os primeiros seres humanos.  Estes foram criados por Deus no Jardim do Éden, mas que desobedeceram a Ele e foram expulsos do jardim. (Gn 1-3).

Caim e Abel: Conta sobre os filhos de Adão e Eva, onde Caim mata seu irmão Abel. Além disso, esta é a primeira morte registrada na Bíblia. (Gn 4).

A Arca de Noé: A história de Noé, a construção da arca e o dilúvio enviado por Deus para destruir a humanidade corrupta. (Gn 6-9).

A Torre de Babel: Fala sobre a origem das diferentes línguas e povos, após a tentativa fracassada da humanidade de construir uma torre que chegasse até o céu. (Gn 11:1-9).

Abraão: O início da história dos patriarcas, com foco em Abraão e sua promessa de ser o pai de uma grande nação. (Gn 12-25).

Isaque e Jacó: As histórias dos filhos de Abraão. Incluem o sacrifício de Isaque e a saga de Jacó, que em seguida se tornou conhecido como Israel. (Gn 25-35).

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