A narrativa da luta de Jacó no Vau de Jaboque, registrada no capítulo 32 do livro de Gênesis, é um relato intrigante que tem suscitado diversas interpretações. Muitas pessoas questionam se Jacó lutou com o próprio Deus ou com um anjo enviado por ele.
Esse encontro com um ser celestial no lugar chamado Peniel é considerado uma teofania, uma manifestação direta de Deus ou de um ser celestial em uma forma física visível aos humanos.
A luta de Jacó
Jacó estava indo em direção ao encontro com seu irmão, Esaú, após anos de separação.
Ao se aproximar do rio Jaboque, enviou sua família e seus bens à frente, enquanto ele permanecia sozinho às margens do rio.
A Bíblia descreve que Jacó lutou com um homem até o amanhecer. Este, vendo que não podia subjugar Jacó, tocou-lhe na articulação da coxa. Jacó, determinado a receber uma bênção, insistiu para que o homem o abençoasse antes de partir.
Neste momento, o homem lhe pergunta seu nome, Jacó responde, e então o homem muda seu nome para Israel, que significa “aquele que luta com Deus” ou “príncipe de Deus”.
Quem era esse homem, um anjo ou o próprio Deus?
A interpretação teológica desse evento é rica e complexa.
Sabemos biblicamente que anjos podem aparecer de forma diferente da natureza humana, especificamente em tamanho e nas vestimentas. Mas também podem aparecer de forma muito similar à forma humana. No novo testamento, por exemplo, a palavra de Deus nos ensina que praticando a hospitalidade, muitos receberam o anjo sem saber. Então nós não podemos afirmar claramente que é uma aparição de Jesus.
É interessante observar que, ao descrever seu encontro em Gênesis 32, quando Jacó afirma ter visto Deus face a face, a palavra para Deus é a palavra Elohim. No entanto, dentro do contexto bíblico, a palavra Elohim nem sempre se refere diretamente à figura divina, podendo também descrever seres celestiais ou até mesmo governantes espirituais. Isso nos leva a considerar a possibilidade de que o ser com quem Jacó lutou e dialogou seja um mensageiro celestial, um anjo enviado por Deus.
Neste sentido, é relevante notar que o termo Elohim é traduzido de diferentes maneiras em diversos momentos da Bíblia. Em alguns contextos, traduz-se como “divindades” ou “seres celestiais”, enquanto em outros utiliza-se para se referir diretamente a Deus. Esta ambiguidade na tradução pode nos deixar com uma incógnita em relação à identidade exata do ser com quem Jacó interagiu.
Embora haja interpretações divergentes, muitos teólogos concordam que este evento representa uma teofania, uma manifestação de Deus ou de um ser celestial. A maioria destes interpreta que Jacó teve um encontro sobrenatural, talvez até mesmo uma aparição pré-encarnação de Jesus Cristo.
Duas principais interpretações sobre a identidade desse homem:
Anjo Enviado por Deus: Alguns interpretam o homem com quem Jacó lutou como um anjo enviado por Deus. Esta visão baseia-se na ideia de que os anjos, como mensageiros divinos, frequentemente aparecem na forma de homens na Bíblia.
Manifestação de Deus: A interpretação mais aceita é que o homem com quem Jacó lutou era o próprio Deus. Apoia-se esta visão nas palavras que Jacó ouviu durante a luta, e pela mudança de seu nome. Jacó declarou explicitamente ter visto Deus face a face e que sua vida foi salva.
Portanto, independentemente da interpretação específica, é seguro afirmar que esse homem não é um homem. Este homem é um ser celestial que aparece para lutar com Jacó e trazer uma mensagem da parte de Deus.