O livro de Números é o quarto livro do Pentateuco, é assim denominado devido às duas contagens dos israelitas: uma ao saírem do Egito e outra 40 anos mais tarde, antes de entrarem na terra de Canaã.
Entre esses eventos, narra-se a jornada dos israelitas até Cades-Barneia, ao sul de Canaã. Ali os israelitas permaneceram por muitos anos antes de se deslocarem para a região montanhosa a leste do rio Jordão.
Esta narrativa revela os momentos de desânimo e medo do povo diante das dificuldades. Fala também das revoltas do povo contra Deus e Moisés, mas destaca a fidelidade de Deus e seu constante cuidado pelo povo. Além disso, o livro retrata a firmeza de Moisés, que apesar de às vezes perder a paciência, demonstra dedicação a Deus e ao povo.
Quem escreveu o livro de Números
Tradicionalmente, atribui-se o livro de Números a Moisés. No entanto, a autoria precisa dos livros do Pentateuco, incluindo Números, é um tema debatido e complexo entre os estudiosos. Apesar da tradição judaico-cristã frequentemente atribuir a autoria a Moisés, há teorias acadêmicas que propõem uma autoria múltipla ao longo do tempo.
Qual a mensagem do livro de Números
No livro de Números, destaca-se a personalidade e a obra de Moisés, o grande líder e legislador de Israel. Além de sua missão inicial como libertador, ele também assume a tarefa de organizar e orientar os israelitas durante sua peregrinação em direção à Terra Prometida. Enfrentando momentos de desânimo e incompreensão, Moisés persevera em seu compromisso, motivado pelo amor ao seu povo e pela fidelidade a Deus. Mesmo quando criticado e murmurado até por seus próprios irmãos, Arão e Miriã, ele permanece firme em sua dedicação a Israel até o fim de sua vida. Antes de sua morte, ele toma as medidas necessárias para garantir que seu sucessor, Josué, possa completar a tarefa de conduzir o povo à Terra Prometida.
Em contraste com a figura solitária de Moisés, descreve-se a conduta dos israelitas em Números de forma bastante negativa. Embora tenham saído do Egito como uma comunidade unida, no deserto revelam-se propensos a protestos e rebeliões. Além disso, muitas vezes chegando ao ponto de desejar o retorno à escravidão. Apesar de suas constantes infidelidades, Deus continua a demonstrar compaixão e perdão, respondendo às intercessões de Moisés em favor do povo.
Considerando o panorama geral e levando em conta especialmente razões geográficas e cronológicas, Números exibe uma unidade notável em sua composição. O relato segue o mesmo fluxo narrativo iniciado no livro do Êxodo, detalhando os movimentos de Israel desde sua permanência no Sinai até sua chegada ao rio Jordão: os preparativos para continuar a jornada, a celebração da Páscoa, a marcha do Sinai até Moabe, a estadia em Moabe e as instruções de Moisés ao povo próximo ao Jordão.
Estrutura do livro de Números
Apesar dessa coesão global, é evidente que a estrutura literária do livro é composta por uma série de sequências justapostas, independentes entre si, alternando entre narrativas acessíveis e trechos densos de caráter jurídico, legal, censitário ou cultual, incluindo os censos realizados em diferentes momentos da narrativa.
Pode-se afirmar que o livro de Números não foi concebido a partir de um plano inicial claro, mas sim que sua formação foi um processo gradual.
ESBOÇO:
1.Preparação e partida de Sinai (Números 1:1 – 10:36)
A preparação para a partida inclui rituais de purificação, ordenanças sobre sacrifícios e estabelecimento de leis e regulamentos para governar a vida do povo durante a sua jornada no deserto.
2.A longa marcha pelo deserto (10.11-21.35)
Durante a jornada, Deus continua a prover para o povo, oferecendo-lhes orientação e sustento, mas muitas vezes eles duvidam e reclamam, enfrentando punições divinas.
3.A permanência nas planícies de Moabe e a preparação para a entrada em Canaã (Números 22:1-36:13)
Moisés recebe instruções finais de Deus sobre como lidar com várias situações que surgirão ao entrarem na terra de Canaã. Dentre elas, incluem-se diretrizes para a distribuição da terra entre as tribos de Israel e a nomeação de Josué como seu sucessor.